Uma ação do Ministério Público
Federal (MPF) do Rio Grande do Sul pediu à Justiça que a veiculação da
propaganda do Banco do Brasil seja retomada, conforme a contratação original da
mídia. De acordo com o documento, a União deverá pagar, por dano moral coletivo,
indenização no valor de R$ 51 milhões, o equivalente a três vezes o custo do
anúncio e sua veiculação. A União foi acusada de censura, racismo e homofobia.
O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes,
afirmou que não tinha visto o comercial do banco que foi retirado do ar
antes de recebê-lo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
No comercial, os atores eram quase todos jovens,
havia mulheres e homens negros, e uma das personagens é transexual. Muitos
aparecem com tatuagens e cabelos coloridos.
"Ele viu o filme e me mandou. Eu assisti e
estranhei, não gostei. Não gostei por uma razão muito simples: nosso objetivo é
atingir todo o espectro de jovens, que não vi representado", afirmou.
"Não vi o jovem fazendeiro, o rapaz esportista, o nerd. Não vi ali o jovem
de classe média baixa que rala um dia inteiro para pagar estudos à noite. Ficou
muito concentrado na juventude descolada", criticou.
Ele voltou a negar que tenha havido intervenção do
governo no banco e disse que jornalistas perderam senso de humor no caso em que
Bolsonaro sugeriu que o BB deveria reduzir juros cobrados do agronegócio.
O Banco do Brasil tem atualmente 15% de seus
clientes entre 20 e 30 anos, fatia menor que os quase 18% que têm mais de 65
anos, segundo detalhou o vice-presidente Marcelo Labuto.
O banco tenta se rejuvenescer e se vender como
digital enquanto enfrenta a maior concorrência de fintechs (empresas inovadoras
do setor financeiro).
Novaes afirma que essas instituições tentam comer
margem do banco, especialmente no crédito pessoal e em cartão de crédito.
A concorrência está forte, a garotada [fintechs]
está procurando comer as nossas margens. Ainda não estão impactando, mas vamos
ter que lidar com isso", disse Novaes.
O banco expandiu em 85% a carteira de crédito de
empréstimo pessoal. Como um todo, a carteira do BB recuou, na contramão da
concorrência.
"Os outros estão crescendo mais
percentualmente porque vinham de uma base mais deprimida. Por outro lado, acho
que a gente acertou em ser cauteloso em relação à euforia que a retomada da
economia", afirmou o executivo.
Ressaltando que é membro da equipe econômica do
governo Jair Bolsonaro (PSL), Noaves disse que está na expectativa de que a economia
comece a se recuperar no segundo semestre.
"Isso favorecerá a possibilidade de atingir as
nossas metas de resultado", afirmou Novaes.
As estimativas de crescimento do PIB (Produto
Interno Bruto), que começaram o ano acima de 2%, já estão ao redor de 1,5%.
Já para o primeiro trimestre, a expectativa é que a
economia tenha encolhido.
"Todos sabemos que a economia é bastante
dependente do sucesso das reformas econômicas postas na mesa. Falando em nome
da equipe econômica, a gente está bastante otimista", acrescentou.
Novaes defendeu que no começo do segundo semestre a reforma da Previdência
estará "bem encaminhada e vai permitir uma clareza no horizonte".
No mercado financeiro, a expectativa é de que a
reforma seja aprovada em setembro.
O Banco do Brasil não deve fazer ajuste em
expectativas de crescimento de carteira de crédito e nem no lucro esperado para
o ano.
(Folhapress)
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