O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) usou a tragédia ocorrida em
uma escola em Suzano (SP) nesta quarta-feira (13) para criticar a maioridade
penal e o estatuto do desarmamento.
"Meus sentimentos a todos os familiares das
vítimas covardemente assassinadas no colégio em Suzano.
Mais uma tragédia protagonizada por menor de idade
e que atesta o fracasso do malfadado estatuto do desarmamento, ainda em
vigor", disse o senador às 15h52, sete minutos antes de seu pai, o
presidente Jair Bolsonaro (PSL), ir às redes sociais falar sobre o assunto.
"Presto minhas condolências aos familiares das
vítimas do desumano atentado ocorrido hoje na Escola Professor Raul Brasil, em
Suzano, São Paulo. Uma monstruosidade e covardia sem tamanho. Que Deus conforte
o coração de todos!", escreveu Bolsonaro, após mais de seis horas de
silêncio.
Oito pessoas, sendo ao menos seis alunos, morreram
em um ataque a tiros na escola estadual Professor Raul Brasil em Suzano, na
região metropolitana de São Paulo, na manhã desta quarta-feira.
Segundo a Polícia Militar, quatro estudantes e dois
funcionários foram mortos no local e outros dois alunos morreram após serem
levados a hospitais da região.
Os disparos foram feitos quando dois homens
encapuzados atiraram contra os alunos e, em seguida, se mataram. Eles foram
identificados como Luiz Henrique de Castro, 25, e Guilherme Taucci Monteiro,
17.
Seguidores
de Flávio no Twitter criticaram a manifestação do senador.
"Era melhor não ter falado nada",
escreveu Alessio Esteves.
"Presta solidariedade, mas quer defender a
bandeira política, francamente que vergonha desses políticos, de todos os
políticos", escreveu uma internauta que se identifica apenas como Fabiana.
A tragédia reacendeu no Congresso a discussão
sobre dois projetos polêmicos.
Pelo lado governista, voltou-se a discussão da
proposta, segundo a qual jovens menores de 18 anos, mas maiores de 16 anos,
poderão ser condenados pela prática de crimes graves, já foi aprovada na Câmara
e está parada no Senado desde 2015.
Pelo lado da oposição, pediu-se celeridade na
apreciação de um decreto legislativo que susta o decreto do presidente Jair
Bolsonaro que facilita a posse de armas.
O líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP),
começou a articular a apresentação de um requerimento de urgência para que a
proposta de diminuir a idade para que um jovem possa ser condenado seja votada
rapidamente.
"Está parado. É só pautar. Vamos para o voto.
Não pode ter assunto que o Senado desconheça desistir. Vamos para o plenário,
colocar argumentação, expor para a sociedade brasileira", disse Olímpio à
Folha de S.Paulo.O senador defende com outros colegas que o Senado
priorize pautas de segurança e corrupção, enquanto a Câmara trata da reforma da
Previdência. Segundo Olímpio, o grupo já selecionou 21 projetos que podem ser
apreciados.
O assunto
interrompeu as votações na CCJ (comissão de Constituição e Justiça) na manhã
desta quarta-feira com informações ainda desencontradas. No momento da sessão,
por exemplo, acreditava-se que os dois atiradores eram menores de idade.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) disse que o
presidente Jair Bolsonaro estimulou a violência durante as eleições e ao editar
um decreto que facilita a posse de armas.
"Fiz campanha de rua em rua, de porta em
porta. A coisa que mais me assustava era ver crianças fazendo o gesto de que
estavam com uma arma na mão. O gesto da violência, o gesto e a forma de como
resolver as suas pendências. Portanto, não podemos descartar que o estímulo à
violência pela via institucional é um problema que precisamos combater",
afirmou o senador, que cobrou também a apreciação de um decreto legislativo
apresentado pela oposição, que susta o decreto de Bolsonaro.
"Estamos aqui diante da consequência que é
armar pessoas, estimular que resolvam suas diferenças através da eliminação do
causador e diante de um decreto que autoriza cada cidadão a ter até quatro
armas dentro de casa", disse Carvalho.
O Major Olímpio contestou o colega, afirmando que
as armas usadas no crime desta manhã seriam ilegais.
O que tem a ver a cueca com as calças? Esse
discurso que eu ouvi agora não tem a menor pertinência", afirmou Olímpio.
"O decreto do Bolsonaro simplesmente garantiu
posse legítima [de arma]. Não é nem o porte. Isso nós vamos votar depois. E a
população quer isso mesmo. A população botou Bolsonaro como presidente da
República para ser um impulsionador de garantias para o cidadão, para que não
tenhamos tragédias desta natureza", afirmou o líder do partido do
presidente da República.
"Se cada cidadão brasileiro pode ter na sua
residência quatro armas, como prevê esse decreto apresentado pelo presidente da
República, a chance de nós termos episódios como esse cresce enormemente",
disse o senador Humberto Costa (PT-PE).
"Não é exatamente ampliando a possibilidade de
as pessoas terem armas, a posse de armas, que nós vamos acabar com a posse
ilegal e com a posse irregular", disse Costa.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP),
manifestou-se apenas por uma postagem no Twitter.
"É com perplexidade que recebi, a notícia do tiroteio no
Colégio Estadual Raul Brasil, em Suzano-SP. Eu me solidarizo às famílias
das vítimas e espero que as reais causas dessa tragédia sejam descobertas",
afirmou.
(Folhapress)
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