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Egito cancela reunião com Brasil após declaração de Bolsonaro

Foto: Reprodução.
O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou que seria prematuro um país anunciar uma retaliação em função do que ainda não foi definido, após decisão do governo do Egito de suspender visita do ministro das Relações Exteriores brasileiro ao país, na esteira de declaração do futuro chefe do Executivo sobre a intenção de mudar a embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém.
“Pelo que eu vi também é questão de agenda, agora eu acho que seria prematuro um país anunciar uma retaliação em função de uma coisa que não foi decidida ainda", disse Bolsonaro ao sair de reunião com o comando da Marinha na tarde desta terça-feira.
“O que eu estou falando é o seguinte: para nós não é um ponto de honra essa decisão (mudança da embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém). Agora, quem decide onde é a capital de Israel é o povo, é o Estado de Israel. Se eles mudaram de local..", disse a jornalistas.
Mais cedo, ele mostrou irritação e se recusou a responder ao ser questionado a respeito da decisão do governo do Egito.
"Não, outra pergunta", declarou Bolsonaro a repórteres ao ser perguntando duas vezes sobre a crise aberta com o Egito na saída de reunião no Ministério da Defesa, onde ficou por cerca de duas horas.
Bolsonaro afirmou que fez uma visita de cortesia ao ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, e foi evasivo ao responder sobre o pleito dos militares de ficarem de fora do contingenciamento do Orçamento de 2019.
Diante da insistência dos jornalistas sobre a questão do Egito, mostrou irritação e encerrou a entrevista.
O governo egípcio informou na segunda-feira ao Itamaraty que a visita do chanceler Aloysio Nunes Ferreira, marcada para a próxima quinta-feira, teria que ser cancelada por "problemas de agenda" das altas autoridades do país. O chanceler brasileiro se encontraria com o ministro das Relações Exteriores egípcio, Sameh Shoukry, e com o presidente do país, Abdel Fattah el-Sisi.
Fontes do Itamaraty confirmaram à Reuters, no entanto, que o cancelamento teria sido causado pela reafirmação de Bolsonaro de que faria a transferência da embaixada para Jerusalém, copiando a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump.
Bolsonaro já havia falado sobre o tema na campanha e, na semana passada, reafirmou a decisão em uma entrevista a um jornal israelense e depois em sua conta no Twitter.
Nos meios diplomáticos, um cancelamento de visita em cima da hora e sem a proposta de uma nova data é considerado um gesto de desagrado, mesmo que o Egito não tenha dado outros sinais nesse sentindo ao governo brasileiro.
A cidade de Jerusalém é considerada território em disputa entre Israel e a Autoridade Palestina. De acordo com o plano da Organização das Nações Unidas (ONU) para a região, com a criação de dois Estados, a cidade seria a capital de ambos, já que os dois povos a reivindicam como território ancestral. No entanto, enquanto a solução não é implantada, Jerusalém não é reconhecida pela ONU como capital de nenhum dos dois países.
A decisão de Bolsonaro, que diz não reconhecer a Palestina como nação, força uma posição brasileira de alinhamento com Israel, contrária à seguida pela diplomacia brasileira até hoje, que sempre foi de apoio à solução de dois Estados e o reconhecimento da Palestina, e desagrada os países árabes, que hoje são o quinto destino de exportações brasileiras, especialmente de carne, frango e açúcar.
Aloysio viajaria com uma comissão de empresários, já que a intenção da visita era fortalecer as relações comerciais entre Brasil e Egito depois da assinatura de um acordo de livre-comércio entre o país árabe e o Mercosul.
Mais tarde, em coletiva, o ministro da Secretaria de Governo Carlos Marun disse ter conversado com Aloysio sobre o que chamou de “polêmica que se coloca em relação às futuras relações do Brasil com o mundo árabe”. Marun declarou que o governo lamenta a decisão do Egito, país com o qual, afirma, há relações “muito profundas”.
“Temos muito interesse, ao menos este governo, na manutenção das boas relações que possuímos com o mundo árabe e da mesma forma com Israel, entendemos que isso não seja uma coisa excludente”, disse o ministro da Secretaria de Governo.
(Por Lisandra Paraguassu e Mateus Maia; Com reportagem adicional de Maria Carolina Marcello).
Fonte: extra.globo

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