A paralisação dos caminhoneiros, que chegue na
manhã desta sexta-feira, 25, em 22 estados brasileiros e no Distrito Federal,
já gerou prejuízos que chegam a R$ 1,7 bilhão em quatro setores da economia
brasileira. Somente a Petrobras, sozinha, amarga rombo de R$ 350 milhões. A
Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e a
Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) calculam prejuízos de R$ 190
milhões. Lucro mesmo, só para os grandes empresários do setor de transportes e
para os donos de postos de combustíveis, segundo economistas. A Confederação
Nacional da Indústria (CNI) acompanha com preocupação o impacto da greve dos
caminhoneiros.
Ao todo, 129
unidades de processamento de aves e de suínos estão suspensas total ou parcialmente.
Os bloqueios nas rodovias impossibilitaram a exportação de 25 mil toneladas de
carne de frango e suína. A Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação
(Abia) calculou que 315 caminhões com alimentos perecíveis estavam parados em
estradas de seis estados. Mais de 1,1 mil toneladas de produtos não foram
entregues. Prejuízo de mais de R$ 3 milhões.
Em Mato
Grosso, maior produtor de soja do Brasil, 8 milhões de toneladas do grão estão
retidos nos armazéns, segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho do
Estado. A situação pode piorar: não existe espaço para guardar o milho que
começou a ser colhido. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil estima que
os embarques de 6 mil contêineres, o que equivale a uma receita de R$ 1,2 bilhão.
Nessa quinta, 630 mil litros de leite foram jogados fora em Minas Gerais e no
Rio de Janeiro.
Com a oferta
limitada, os preços de alguns alimentos dispararam, o que fortaleceu a pressão
inflacionária sobre os preços de insumos básicos. Ontem, a saca de batata, por
exemplo, passou de R$ 60 para R$ 110. A caixa de tomate, normalmente
vendida a R$ 50, saía por R$ 120. Além dos altos preços, o desabastecimento
prejudica os consumidores.
“Se a greve
se estender, a inflação ficará comprometida. Com o prolongamento, a situação
não fica restrita à questão dos alimentos e combustíveis. Outros segmentos começam
a repassar os custos”, alerta Luiz Alberto Machado, economista da Faculdade de
Economia da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).
Paulo Dantas
da Costa, ex-presidente do Conselho Federal de Economia e integrante do
Conselho Regional de Economia da Bahia, o consumidor é o maior prejudicado.
“Esse colapso trava a maior parte das atividades da sociedade. Temos
dependência de gasolina por sermos um país de rodovias, focado em malha
viária”, pondera. Para ele, o contingente de pessoas que estão lucrando é
pequeno. “Os donos de postos estão especulando, mas não é um lucro longevo. A
gasolina pode ser vendida a R$ 9 agora, mas esse preço não se sustenta”,
explica.
Interesse empresarial
Para o
economista Gilson Garófalo, professor titular de Economia da Universidade de
São Paulo (USP), as grandes companhias colaboraram com o movimento. O Brasil
tem uma frota de 2 milhões de caminhões, sendo 650 mil autônomos – 30%. Essa
parcela é que tem tocado o ato. “As grandes empresas que contratam as menores,
se não compactuassem, já teriam substituído os motoristas”, disse. No Brasil,
são 150 mil empresas de transporte.
Em nota, a
CNI cobrou agilidade na negociação para atenuar os prejuízos. “O bloqueio das
rodovias do País prejudica a operação das indústrias, aumenta os custos, penaliza
a população e tem efeitos danosos sobre a economia, que enfrenta dificuldades
para se recuperar da crise recente”, destaca o texto.
A Fiat
paralisou parcialmente o funcionamento de duas fábricas. A marca deixará de
produzir 2 mil veículos em Minas Gerais e Pernambuco. A paralisação dos
caminhoneiros reduziu em 27% a movimentação diária de granéis no Porto de
Paranaguá, de 150 mil para 110 mil, informou a administradora do porto.
Na avaliação
do professor de finanças do Ibmec, Marcos Melo, a crise impactará nas vendas do
Dia dos Namorados. Mesmo com uma greve de poucos dias, explica Marcos, o
impacto negativo é razoável.
Com
informações do Jornal Correio Braziliense.
0 Comentários