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Carnaval 2018: Seca e crise levam municípios a cancelarem festas

Em razão da crise financeira e da seca, prefeituras cearenses vão deixar de realizar festas de Carnaval este ano. Dos 184 municípios, apenas 23 responderam que vão bancar os festejos com recursos próprios à Associação dos Municípios Cearenses (Aprece). Outros sete informaram que buscaram patrocínio com o setor privado para garantir as comemorações. Até esta quarta-feira (7), a Aprece tinha colhido dados de 58 prefeituras. Dessas, 33 já anteciparam que não vão bancar festas de Carnaval. A entidade, porém, não especificou quais cidades responderam ao questionário.

Conforme levantamento do jornal O Povo no Portal de Licitações do Tribunal de Contas do Estado (TCE-CE), duas prefeituras chegaram a lançar este ano certame para realização das festas, mas cancelaram. Pentecoste foi uma delas. "A gente pensou que daria para fazer, mas não tem recurso", disse o prefeito João Bosco Tabosa.

A Prefeitura de Santa Quitéria também se preparava para contratar bandas e estrutura para o Carnaval, mas voltou atrás. Pelas redes sociais, o Município informou que o cancelamento foi decisão unânime dos secretários da gestão. Além da crise financeira, a “insegurança que atinge a região”.

Municípios como Aracoiaba, Cascavel e Horizonte informaram, pelas redes sociais, o cancelamento das festas. Todos citam dificuldades nas finanças. "Sabemos que o Carnaval é importante, mas não está fácil", comenta o prefeito de Aracoiaba, Antônio Cláudio. Segundo ele, a população ficou dividida com a notícia do cancelamento. "Ainda assim, o prefeito precisa tomar essa decisão", diz.

Pelo quarto ano consecutivo, o governador Camilo Santana (PT) assinou em janeiro decreto proibindo repasses de verbas destinadas a festas carnavalescas. A exceção são as despesas relacionadas a eventos do Sistema Estadual de Cultura (Siec).

Os cancelamentos ocorrem também no contexto em que os municípios têm dificuldade, inclusive, para pagar a folha dos servidores. Levantamento da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Ceará (Fetamce) indicou que pelo menos 22 prefeituras estavam com salários dos servidores de dezembro atrasados.

Crateús, mesmo constando na lista, vai fazer Carnaval mas sem recursos da Prefeitura. O Município fez parceria com o setor privado. "Se fosse para fazer festa pela Prefeitura, ninguém fazia", disse o prefeito Marcelo Machado.

Na avaliação do diretor institucional da Aprece, Expedito Nascimento, a crise pela qual as prefeituras passam é o principal motivo de os gestores não arriscarem organizar as festas. Para ele, as cidades que têm tradição de Carnaval e cuja festa se reverte em receita para o município tendem a manter os festejos. Os demais, recuam.

"Ainda não vi um ano tão difícil para os municípios do que foi 2017. E este ano não está sendo diferente", disse. Nascimento diz que a crise financeira se justifica pela redução de recursos federais. O Fundo de Participação dos Municípios sofreu queda e parte dos recursos especiais, como os do Programa Saúde da Família, não foram reajustados. “Em uma situação dessa, o município que não faz festa, a gente entende como atitude de grandeza”, diz.

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