As escadarias da Faculdade de Direito da UFPR (Universidade Federal do Paraná), onde leciona o juiz Sergio Moro, foram palco de um ato a favor do ex-presidente Lula e de críticas ao juiz responsável pela Operação Lava Jato.
Às 19h, estava marcado o início, no salão nobre, do debate entre especialistas de direito chamado Ato Suprapartidário em Defesa da Democracia, com críticas a procedimentos judiciais da Operação Lava Jato.
Como é costume, uma vez que o auditório com 300 lugares lotou, parte do público concentrou-se nas escadarias para assistir ao debate por um telão, do lado de fora. Segundo os organizadores, cerca de 900 pessoas ficaram do lado de fora. A PM calculou 400.
Minutos antes, porém, um grupo a favor do impeachment de Dilma, com bandeiras do Brasil, posicionou-se nas escadarias, dando início a provocações mútuas. A reportagem presenciou uma das mulheres do lado anti-Dilma gritando: "Cadê o pão com mortadela?" e "Vocês não podem cantar o Hino Nacional!", ao que manifestantes pró-governo federal gritavam: "Não vai ter golpe!" e "Fora, Sergio Moro".
Membro do Movimento Brasil Livre, Flavio Cella disse que o grupo soube do debate e decidiu fazer um protesto silencioso nas escandarias. "A gente é contra a visão deles, de ser contra a PF e o Sergio Moro."
Entre eles, lamentavam que poucas pessoas de seu lado estavam presentes, apesar da convocação que fizeram.
Meia hora depois do clima de tensão, o grupo anti-Dilma saiu das escadarias, sob gritos de "Não vai ter Golpe".
O início dos debates foi marcado por frases de apoio ao ex-presidente Lula como líder político, à "espetacularização da mídia" e de críticas à chamada "politização do Judiciário". Trechos de cada fala eram pontuados por aplausos e gritos "contra o golpe" e contra o juiz Moro.
Na palestra, também foi criticada a interceptação telefônica autorizada pela Justiça, que revelou conversa entre o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff, sem ter ocorrido aval do STF (Supremo Tribunal Federal), já que a presidente possui foro privilegiado.
O ato reúne professores de diferentes áreas, como do direito penal, civil, de prática jurídica e do direito público.
A escolha do salão nobre da Faculdade de Direito da UFPR, segundo os organizadores, não tem relação com o juiz Moro, mas sim pelo fato de ser um local histórico de debates em Curitiba e da defesa dos valores democráticos. Em 1972, por exemplo, em plena ditadura militar, foi o local escolhido para ser redigida a "Declaração de Curitiba", em defesa da democracia.
Fonte: Folha.com
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