Um texto de Heródoto Barbeiro sobre o fim do rádio FM, que nos foi enviado pela radialista Tina Holanda.
O rádio de FM, a frequência modulada, vai acabar. Não é um erro de digitação. A Noruega anunciou que vai desativar todas as emissoras de rádio em FM em janeiro de 2017. Até lá as rádios vão se transformar em digitais. Com novos transmissores, o sinal é comprimido, usa formatos como o MP2 e é distribuído em sinal digital. Segundo o governo norueguês a razão é econômica e tecnológica. A emissão em digital acrescenta outros serviços a emissora, hoje não disponíveis, e o rádio acompanha as outras mídias que também se digitalizam. Na Grã Bretanha o fim do FM está marcado para 2022. Hoje a frequência modulada standard vai de 87,5 a 108 megahertz. Ela já foi um avanço em relação as AM, ou amplitude modulada, que é medida em kilohertz e enfrenta sérios problemas técnicos de propagação e por isso é considerada uma tecnologia ultrapassada. Contudo essa migração para o FM está ameaçada com o avanço acelerado da tecnologia.
A internet multiplicou o número de emissoras. Elas podem ser ouvidas em qualquer plataforma que o público desejar e a propagação se dá por wi fi ou telefonia celular. Assim, o aparelho de rádio hoje é qualquer gadget que tem acesso a internet. O número de emissoras é infinito, haja vista que, qualquer site pode ter a sua rádio. Da Caramelo, comunitária de Taiaçupeba, a uma grande emissora comercial. A profusão de rádios via web provocou uma fragmentação da audiência das grandes emissoras e, graças a nova tecnologia, a competição é de igual para igual. Começa com o alcance que é global para todas. Sindicatos, igrejas, empresas, ONGs,associações de todo tipo, sites pessoais, todos podem ter a sua emissora. Basta clicar para ouvir. Muitas disponibilizam imagem, e a interatividade vai do e-mail ao what´s app e uma série de novos aplicativos que surgem a cada dia. Assim, nenhum veículo de comunicação pode escapar das mudanças. Uns são conscientes e e se adaptam, outros resistem agarrados ao saudosismo ou a falta de investimentos. Darwin já dizia que os que sobrevivem não são os mais fortes, mas os que se adaptam.
O Brasil tem aproximadamente 1 700 rádios AM. Segundo uma regulamentação do governo todas vão se transformar em FMs. Algumas até já iniciaram o processo de mudanças para novas faixas estendidas , inferiores ao 87,5 onde estão todas as rádios comunitárias regulares. Isto se deve a falta de espaço para a migração de todas as emissoras interessadas em cada município. Contudo a maior parte delas não vai instalar um processo de digitalização. Vai ficar com o sinal analógico. Ele foi uma boa ideia que começou na década de 1920 e pelo jeito vai durar cem anos. Mas a válvula também foi uma boa ideia... Com todas as emissoras no FM a competição vai aumentar e pode chegar ao canibalismo. Vale a pena investir em uma tecnologia que já está condenada em alguns países do mundo? Esta é uma reflexão que os radio difusores brasileiros têm que fazer diante da enxurrada de novas possibilidades de propagação do áudio. Eu mesmo só ouço rádio no meu smart phone.
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