A Praça do Ferreira, área central de Fortaleza, foi tomada pelos manifestantes (Foto: Divulgação/CUT-Ceará)
Organizada
pela Frente Brasil Popular, a manifestação contra o impeachment da presidenta
Dilma Rousseff começou à tarde e percorreu as ruas do centro da capital
cearense até chegar à Praça do Ferreira no começo da noite de ontem (18/03). Conhecida como o "coração da
cidade" e por outros como a "cara da cidade", a praça também
fica na área central de Fortaleza. O
ato reuniu representantes dos diversos grupos que fazem parte da frente, como
sindicatos e entidades da sociedade civil, mas atraiu também profissionais de
outros setores, como jornalistas e advogados e cidadãos sem vínculos com
entidades.
Emocionado,
o engenheiro Marcelo Campos, de 59 anos, que foi sozinho à manifestação,
destacou o fato de ser brasileiro e ter esperança. Para Campos, as coisas vão
mudar e não vai haver golpe. O engenheiro disse que a composição do Congresso
Nacional eleito em 2014 foi um indício de que algo poderia acontecer em
prejuízo do governo e que esse quadro só se reverterá se houver mobilização.
"Quanto mais gente na rua, melhor."
O
Movimento Juristas pela Legalidade e pela Democracia posicionou-se na
manifestação contra a decisão da Seccional do Ceará da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) de apoiar o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A
entidade também criticou a divulgação de áudios envolvendo advogados de pessoas
investigadas Lava Jato pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelos inquéritos
resultantes da operação em primeira instância.
"Enquanto
há apoio ao impeachment de uma presidente baseado somente em indícios,
advogados têm seu sigilo telefônico quebrado sob a justificativa de se fazer
justiça. Não se faz justiça quebrando as regras do estado democrático de
direito", afimou o advogado Ícaro Gaspar, integrante do movimento.
Muitos
manifestantes vestiam vermelho e carregavam bandeiras da mesma cor, além de
faixas com frases de repúdio à tentativa de retirar Dilma do poder. Outras
pessoas levaram a bandeira nacional e pintaram o rosto com listras verdes e
amarelas. Na caminhada pelas ruas do centro, um dos principais corredores
comerciais de Fortaleza, lojistas foram até a calçada para acompanhar a
manifestação.
Nos
carros de som, os discursos falavam em manipulação e distorção de informações
por setores da imprensa para prejudicar o PT e beneficiar atores que apoiam a
saída do partido do governo federal. O
professor Ronaldo Salgado, do Curso de Comunicação da Universidade
Federal do Ceará (UFC), concorda com essa afirmação. Ele disse que há empresas de
comunicação que contribuem para acirrar um clima de disputa.
"Não
adianta continuarmos em um regime democrático tendo monopólios e oligopólios de
comunicação, que deturpam tudo o que está no noticiário e que envolve
principalmente a figura política do Partido dos Trabalhadores. Há uma teia de
fatores, e é importante que a sociedade procure compreender para participar,
gritar, resistir e dizer não ao golpe autoritário que está sendo orquestrado
por partes do Judiciário, do empresariado e dos meios de comunicação, o que nos
causa indignação e revolta", afirmou Salgado
A Polícia Militar (PM)
estimou em 7 mil o número de pessoas presentes.
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