Exigência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a ampliação no
protocolo de uso da cloroquina e hidroxicloroquina também para casos leves do
novo coronavírus ocorreu devido a um clamor da sociedade, afirmou ontem a
secretária de gestão em trabalho em saúde do Ministério da Saúde, Mayra
Pinheiro.
“A motivação para confecção desse documento vem da necessidade de uma
resposta à população. Temos mais de 18 mil mortes no Brasil, mais de 327 mil
mortes do mundo, e há um clamor da sociedade que chega ao ministério através de
sociedades médicas, representações populares e parlamentares pedindo uma
manifestação formal”, disse ela.
“No Brasil, para brasileiros de uma determinada classe social, há o
direito da prescrição médica desses medicamentos, e para uma camada menos
favorecida economicamente, há uma limitação do acesso a essas medicações.
Entendo a preocupação do presidente como eleito pelo povo brasileiro para que
ele possa disponibilizar esse direito pelo Ministério da Saúde”.
Pinheiro confirmou que a nova orientação não foi analisada pela Conitec,
comissão que analisa a incorporação de medicamentos no SUS. Ela justificou a
falta de avaliação pelo fato de que os remédios já são usados para outras
doenças. Em geral, porém, o comitê costuma ser consultado também para mudanças
de indicações de uso. “Estamos falando de disponibilizar uma orientação. Essas
medicações já passaram pela Conitec em outras fases. Estamos falando de uma
guerra onde precisamos disponibilizar o direito que é clamado por brasileiros”,
afirmou.
Embora cite estudos iniciais, Pinheiro reconheceu, porém, que não há
evidências científicas de benefícios do uso do medicamento. “Estamos em um
período em que mortes ocorrem em volume muito maior do que os estudos que
conseguimos publicar para que possamos afirmar os resultados falando de
eficácia”. Em seguida, comparou o risco de efeitos adversos a outros
medicamentos. “É uma medicação que tem segurança apesar de eventos adversos
comuns a outros fármacos. Temos medicações como paracetamol que podem causar
hepatite fulminante e matar as pessoas e são usadas todos os dias para febre ou
dor. Estamos falando de uma pandemia e situação de emergência em que nossa
responsabilidade enquanto ministério é usar todos os meios”, comentou.
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