Com uma das maiores coberturas de banda larga fixa do País, o
Ceará deverá integrar, até 2021, todos os municípios ao Cinturão Digital (rede
de fibra ótica instalada pelo Governo do Estado em parceria com empresas
locais). No fim de 2018, o Ceará contava com 158 municípios “fibrados”, sendo
113 cobertos pelo Cinturão Digital e o restante por empresas privadas. O número
corresponde a 85,8% do total de municípios, sendo a quinta maior participação
entre os estados brasileiros e a maior da região Nordeste, segundo atestam
dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
“O nosso projeto é cobrir os 184 municípios nos próximos dois
anos, seja através de lançamento próprio, seja através de parcerias, que ainda
estão em negociação”, afirma Adalberto Pessoa, presidente da Empresa de
Tecnologia da Informação do Ceará (Etice).
Além da participação do consórcio BWM, formado pelas empresas
cearenses Brisanet, Wirelink e Mob Telecom, a expansão do Cinturão poderá
contar com a participação de outras empresas, entre as quais a Telebrás. Dos
113 municípios atendidos pela rede de fibra ótica, 94 recebem os cabos na sede
municipal. Estas concentram 90% da população urbana do Estado.
Desde que foi implantado, em 2011, o Cinturão Digital vem
provocando uma expansão exponencial do acesso à internet via rede de banda
larga fixa no interior do Estado. Naquele ano, o Ceará tinha pouco mais de 400 pontos
de conexão, e hoje conta com mais de 300 mil.
Custo menor
E um dos efeitos da expansão da malha de banda larga fixa
pela fibra ótica foi a queda do preço de planos de internet, o que ampliou a
base de clientes das operadoras.
“Há cinco anos, o preço médio do megabit por segundo (Mbps)
girava em torno de R$ 200. No ano passado, esse valor passou para cerca de R$
20, e hoje fica entre R$ 7 e R$ 10”, diz Pessoa. Em estados com redes mais
desenvolvidas como São Paulo, por exemplo, o Mbps gira em torno de R$ 12.
Expansão
Antes concentrada em Fortaleza, a malha de fibra ótica
começou a se expandir pelo interior a partir de 2015, quando foi feita a
operação do cinturão, concedida ao consórcio BWM. Naquele ano, apenas 28% dos
pontos de conexão por fibra ótica estavam fora da Capital, e hoje o percentual
chega a 80%.
“O Ceará tem a melhor infraestrutura de banda larga fixa do
Brasil”, ressalta Pessoa. De acordo com a Anatel, 42 municípios cearenses já
têm mais de 75% de conexões feitas com fibra ótica, maior número do País.
“Desde 2015, fruto dessa infraestrutura que o Estado montou
com um consórcio de empresas cearenses, houve uma revolução silenciosa dentro
do Ceará. Desde então, surgiram mais de 300 pequenas empresas provedoras de
internet no Estado”, completa.
A essas empresas, o relatório anual da Anatel credita a
responsabilidade pelo aumento das conexões no País: “Nesse contexto, cabe
ressaltar a crescente participação dos denominados prestadores de pequeno porte
(PPP), cuja atuação permitiu expandir as redes de fibra ótica no Brasil. A
atuação dos PPPs possui, pelo menos, duas vertentes relevantes – a ampliação do
acesso da população aos serviços em localidades de pouco interesse de operação
dos grandes grupos e a melhoria da qualidade dos serviços ofertados”, avalia
Pessoa.
Com o impulso gerado pela tecnologia, as próprias empresas
participantes do consórcio passaram a investir em redes próprias para expandir
suas áreas de atuação. “Além do cinturão, nós temos uma grande rede de backbone
(espinha dorsal) que é como se fosse o nosso próprio cinturão”, revela Sayde
Bayde, chefe comercial e relacionamento com o cliente da Mob Telecom.
Faturamento
Com cerca de 3,7 mil quilômetros de fibra, e mais de R$ 80
milhões em investimentos, o Cinturão Digital, por meio das empresas que
utilizam a rede, movimenta mais de R$ 1 bilhão por ano, volume 230% superior ao
de 2015, quando eram movimentados cerca R$ 300 milhões, segundo dados da Etice.
A partir do porte que apresenta hoje, o setor gera uma
arrecadação de aproximadamente R$ 20 milhões de Imposto Sobre Circulação de
Mercadorias e Servïços (ICMS) por ano para o Estado. “Hoje, o cinturão atende
mais de 2 milhões de cearenses, que contratam internet fixa nos seus
municípios, e muitas vezes não têm noção que estão usando este equipamento”,
ressalta o presidente da Etice.
Fonte Diário do Nordeste
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