Com
o início da quadra chuvosa, aumenta a incidência de um perigo que vive dentro
de casa: o ataque de escorpião. Entre 2015 e 2018, o número de picadas por
escorpião, no Ceará, cresceu 76% - quando saltou de 2.882 pessoas picadas para
5.090 casos no último ano.
As
informações da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) também alertam que o Estado
já registrou 210 casos de vítimas de acidentes por escorpiões até 1º de
fevereiro deste ano. Em 2018, o Núcleo de Assistência Toxicológica, do
Instituto Doutor José Frota (IJF) - localizado em Fortaleza e referência no
Estado - realizou 3.023 atendimentos a pacientes atacados.
O
período chuvoso aumenta a quantidade de ocorrências porque, devido à água da
chuva, os escorpiões saem de seus esconderijos, em busca de locais secos e de
alimentação - composta especialmente por baratas, mas eles também comem grilos,
aranhas e pequenos vertebrados.
Entre
as nove espécies de escorpião que habitam no Ceará, o "Tityus
serrulatus" e o "Tityus stigmurus" são os que mais preocupam a
população cearense, devido à picada que pode ser letal, e também pela
capacidade de se reproduzir por partenogênese, ou seja, a fêmea é capaz de
gerar outras fêmeas por si só, sem a necessidade de um macho.
O
assessor técnico do programa de acidente por animais peçonhentos da Sesa,
comenta que esses ataques não são exclusivos da quadra chuvosa. "Nós temos
acidentes com escorpião o ano todo, mas nesse período chuvoso eles acometem
mais acidentes porque, ao sair para procurar abrigo, eles encontram as
pessoas", comenta Ivan.
A
Secretaria ainda alerta que os escorpiões podem "entrar nas residências
através de tubulações para fiação e encanamentos de esgoto. Frestas em paredes,
portas e janelas também facilitam a entrada deles nas casas. Os escorpiões
procuram alimento à noite. Durante o dia, ficam escondidos em lugares escuros,
como calçados, armários, gavetas, panos e toalhas em áreas de serviço e
banheiros".
Prevenção
De
acordo com o Guia Prático para o Tratamento de Intoxicações Agudas do IJF,
"a prevenção de acidentes ocorre quando da adoção de procedimentos, tais
como evitar entulhos dentro e/ou ao redor de residências, sempre sacudir roupas
e calçados antes do uso, sempre usar luva de raspa de couro ao manipular
materiais estocados em regiões sabidamente endêmicas para escorpiões".
Ivan Luiz ainda alerta para locais como ralos de pia e esgotos.
"Dentro
de casa, nos ralos de banheiro e de cozinha, deve-se colocar uma tela, ou
aquele ralo que abre e fecha. Nas janelas, colocar tela. Ter cuidado também na
cama, no colchão, nos lençóis. E no caso das crianças, que são pacientes de
risco, afastar a cama e se possível, colocar mosquiteiro, mas não deixar
encostar no chão", complementa o técnico sobre as maneiras de evitar os
ataques peçonhentos em casa.
Ivan
destaca também as idas ao banheiro no período da noite e/ou madrugada.
"Quando for no banheiro à noite, você deve ir usando chinelo, porque ele
pode estar no ralo do banheiro, e a pessoa pode não enxergar. Muita gente tem
costume de ir ao banheiro descalço", complementa sobre o perigo de estar
descalço. O estudante de Biotecnologia, Júnior Farias, 23, sofreu com um ataque
de escorpião exatamente pela falta de calçados no momento quando foi picado.
Em
relação aos ataques e as maneiras, o Guia Prático do IJF complementa que
"na maioria das vezes, os acidentes ocorrem quando os animais são
comprimidos no interior de calçados e roupas, ou mesmo quando o indivíduo se
deita sobre o animal".
Tratamento
Júnior
Farias lembra que foi picado por um escorpião em um momento bastante comum,
dentro de casa. "Estava nesse período de chuva, e aparecia muita barata,
então a gente já fica preocupado. Eu estava no sofá, assistindo TV, e eu desci
descalço e sem olhar para o chão. Daí, eu pisei em cima dele, bem no
ferrão", comenta o universitário. Júnior revela a sensação da picada.
"Foi uma dor esquisita, parecia que eu tinha pisado em um prego. Doeu
muito! Ficou inchado, dolorido. Eu não fui para o hospital porque minha família
prefere técnicas de tratamento natural", complementa o estudante.
Apesar
do tratamento realizado em casa, Ivan Luiz comenta que "o protocolo
clínico é lavar com água e sabão e procurar unidade de saúde. Nada de tentar
chupar o veneno, colocar querosene, ou 'xixi'". O especialista explica que
esses métodos populares não são aconselháveis.
Em
relação ainda ao procedimento após a picada, o especialista explica que
"se ele (escorpião) te oferecer algum risco, você pode matá-lo. E se você
foi acidentado, se possível, leve o animal junto para a unidade de saúde mais
próxima", disse o especialista.
O
Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do IJF funciona 24 horas por dia,
de segunda a segunda.
A
casa é um dos locais onde existe o maior risco de picadas de escorpião. A
população deve ficar atenta a ralos de pia e banheiro, camas, lençóis e
colchões, pois são locais que podem esconder os aracnídeos
Fonte: Diário
do Nordeste.
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