Passados
quatro dias da tragédia em Milagres, aonde 14 pessoas foram mortas durante uma
operação policial, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do
Ceará se exime de respostas mais objetivas, como por exemplo, possíveis erros
de planejamento ou execução do plano de ação que tinha como alvo uma quadrilha
de assaltantes de banco, mas que resultou na morte de seis reféns. Em
entrevista ao Sistema Verdes Mares, na tarde deste domingo (9) - e como única
confirmação até o momento - o Secretário de Segurança do Estado, André Costa,
admite que a Polícia não sabia da presença de reféns.
Detalhes
da investigação que já monitorava a quadrilha há cerca de quatro meses não
foram revelados, segundo o secretário, uma vez que essa apuração é comandada
pela Polícia Civil do Estado de Sergipe. “Não temos autorização para repassar
dados sobre a investigação que é conduzida naquele Estado. O que a gente pode
antecipar é que boa parte dos criminosos, dos que foram presos e mortos já
identificados, são pessoas com diversos antecedentes criminais, por outros
roubos, tráfico, inclusive com outros roubos a banco na Bahia e em Sergipe
mesmo”, disse.
Segundo
André Costa, a investigação repassada à Polícia cearense não apontava o uso de
reféns por parte dos criminosos, por isso não era de conhecimento da operação
no Estado a presença das famílias sequestradas. “Nada foi repassado em relação
a reféns. As informações da investigação vieram de Sergipe e nada foi tratado a
cerca da existência de reféns”, reforça.
Para
o gestor, a dinâmica do fato ainda não estabelecida impede uma conclusão sobre
a conduta realizada pelos policiais, reafirmando a necessidade de aguardar o
fim da investigação e dos trabalhos periciais para esse resultado.
Assistência
Ainda
segundo o secretário de segurança, o Governo do Estado prestará assistência à
família das vítimas através da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas de
Direitos Humanos. “A gente lamenta muito o ocorrido. Sentimos muito por essas
perdas, de pessoas inocentes. Todos nós policiais, somos também pais, filhos,
irmãos, amigos, e a gente sabe como é a perda de pessoas queridas”, diz André
Costa.
Também
neste domingo (9), o governador do Ceará, Camilo Santana, anunciou a criação de
um grupo especial de investigação para a operação policial realizada na última
sexta-feira (7). Em sua página do Facebook, o chefe do executivo estadual
garantiu uma operação rigorosa e isenta.
A
comissão, segundo o governador, será formada em conjunto à Delegacia Regional
de Brejo Santo, à Delegacia Municipal de Milagres, e receberá apoio da
Delegacia de Roubos e Furtos e do Departamento de Polícia do Interior Sul.
Ainda segundo Camilo Santana, a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de
Segurança Pública (CGD) abriu investigação preliminar para apurar o ocorrido.
“Reforço
que, desde o momento do fato, minha determinação tem sido de investigação
rigorosa e isenta, para que toda a ação e suas responsabilidades sejam
devidamente apuradas. Nenhuma ação da Polícia cearense é feita com a intenção
deliberada de tirar vidas, muito menos de vítimas inocentes, que devem sempre
ser protegidas em primeiro lugar. Reitero minha solidariedade às famílias das
vítimas. Este momento nos coloca um dever ainda maior de proteger vidas e
fortalecer a paz”, disse o governador em post na sua página do Facebook.
A
operação até o momento resultou em oito suspeitos presos em flagrante. Outras
24 pessoas foram ouvidas, destaca o governador. “As armas dos suspeitos e dos
policiais envolvidos na ação foram recolhidas pela Polícia Civil para serem
periciadas”, afirma Camilo Santana.
No
último sábado (8), o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) lançou nota
lamentando as mortes ocorridas em Milagres, destacando o acompanhamento das
investigações por parte da Promotoria de Justiça da Comarca do município. “O
procurador-geral de Justiça, Plácido Rios, designará um grupo de promotores
para monitorar os desdobramentos deste caso a fim de esclarecer todas as
informações e garantir a apuração completa de todos os fatos relacionados às
trágicas mortes das pessoas inocentes”, disse o MPCE, em nota.
Fonte: Diário
do Nordeste
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