As águas apuradas nos açudes cearenses de fevereiro a maio deste ano, a
melhor quadra chuvosa desde 2011, permitirão aos cearenses atravessarem 2018
com abastecimento garantido nas torneiras. A situação é a mais confortável dos
últimos sete anos, como avalia o titular da Secretaria dos Recursos Hídricos
(SRH), Francisco Teixeira, embora cinco cidades do Sertão Central e do Médio
Jaguaribe ainda demandem maior atenção do Governo pela recarga insuficiente de
seus reservatórios.
"Estamos trabalhando junto ao Ministério da Integração Nacional
para ter adutora em Boa Viagem, onde a situação ainda está crítica. Na de
Madalena, o Ministério se comprometeu junto com o Dnocs, que também tem que
concluir uma em Pereiro. Mombaça merece atenção porque vai para o terceiro ano
abastecida por poços, mas já estamos controlando. Em Monsenhor Tabosa, o
reservatório não pegou água, então estamos construindo mais poços"
detalha. Ainda conforme Teixeira, outras 20 cidades cearenses poderiam ter
apresentado problemas hídricos, "mas eles foram resolvidos pela
chuva".
Nas outras cidades do Interior e na Região Metropolitana de Fortaleza
(RMF), o abastecimento está assegurado. As águas do açude Castanhão já voltaram
a ser transferidas para a Capital. Como ações, o secretário destaca ainda o
gerenciamento da oferta com maior eficiência de distribuição e a construção de
mais de 5 mil poços.
Obras
Contudo, Francisco Teixeira também reconhece gargalos que poderiam
garantir maior segurança hídrica ao Estado, como a Transposição do Rio São
Francisco e o Cinturão das Água do Ceará (CAC). A primeira, apesar de anunciada
para agosto, segundo o Ministério da Integração, só deve chegar no fim do ano,
"talvez até dezembro", acredita ele. "Estamos pressionando e
acompanhando o Ministério diariamente", diz.
No CAC, a prioridade é o trecho emergencial de 53Km que mandará as águas
do São Francisco para os rios Salgados e Jaguaribe. Ele deve ser concluído até
agosto, "para passar a água caso a Transposição chegue", afirma
Teixeira.
Outra intervenção anunciada pelo Governo do Estado foi a usina de
dessalinização da água do mar. Segundo Neuri Freitas, presidente da Companhia
de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), estão em análise as propostas de dois
consórcios, fase que envolve estudos técnicos, financeiros, jurídicos e
ambientais. "Só então vamos partir para a licitação e contratar a empresa
que vai instalar e operar durante 25 anos. A expectativa é que, até o fim de
junho, tenhamos a definição da escolhida", explica.
Balanço
Nesta segunda-feira, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos
Hídricos (Funceme) divulgará a avaliação da quadra chuvosa de 2018. Os dados serão
apresentados no auditório da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos
(Cogerh), às 9h.
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