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“Acho que 2º turno vai ser o clássico PT e PSDB”, afirma coordenador de campanha de Alckmin

O cientista político Luiz Felipe D’Avila, coordenador do programa de governo da campanha do pré-candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB), diz esperar um segundo contra um candidato ungido por Lula. “Ainda acho que o segundo turno vai ser o clássico PT e PSDB”, disse D’Avila, em entrevista ao Jornal Folha de São Paulo.
Os dois partidos estão desgastados com a Lava Jato, mas D’Avila vê diferença. “Um criou o maior sistema de roubo para a perpetuação no poder. Caixa dois é outra história. Sempre teve e a gente como sociedade tem que reconhecer a nossa hipocrisia.”
Alckmin é acusado de ter recebido caixa dois da Odebrecht e a CCR — ambas citam seu cunhado Adhemar Ribeiro como o operador. Eles negam. D’Avila questiona o “açodamento e pressa” da Lava Jato e a credibilidade de delatores: “Então a planilha de um escroque é mais importante que a história de uma pessoa?”
Confira a entrevista completa de Luiz Felipe D’Avila ao Jornal Folha de São Paulo:
O que preparam para programas sociais? 
A conta que a gente procura fazer é qual é o retorno social de cada real gasto. Bolsa Família é o melhor retorno sobre investimento. Estudamos suspender o benefício enquanto a pessoa estiver empregada, mas volta a receber imediatamente se perder o posto. É um jeito de ajudar a formalização do trabalho.
Qual programa dá pouco retorno?
As isenções fiscais, os benefícios. Isso é para ajudar a aumentar lucro de empresa.
A privatização da Caixa tem custo político alto. Já está fora do plano de governo? 
Não acho que vai ser tão alto porque, para quem é cliente da Caixa, não muda nada, passaria para o Banco do Brasil. O que o Persio [Arida, coordenador de economia da campanha] diz é que não vamos permitir que os bancos que estão no Brasil a comprem, tem que ser de fora, para aumentar a concorrência.
Quem é o Alckmin de 2018 comparado ao de 2006? Ainda vestiria a jaqueta com marcas de estatais?
Ele vem com uma agenda muito reformista e falando a verdade. Inclusive porque mudou o contexto, estamos na mais grave crise política e econômica. Precisamos aproveitar a janela para fazer as reformas.
Esse plano de governo seria aplaudido na Faria Lima, mas terá aderência no Norte e Nordeste? 
Se a gente está pensando em Estado eficiente, quem vai mais perder é a Faria Lima, porque se beneficiam com isenções. Com abertura, quem vai se dar melhor é o Norte e o Nordeste, porque não têm tanta indústria, vão comprar insumo mais barato.
Alckmin perde votos antipetistas para Jair Bolsonaro e Álvaro Dias. Por que está tão difícil? 
Essa eleição é atípica. Em geral, quem disputa a reeleição tem vantagem tremenda. Desta vez, o candidato do governo tem 1%. Isso fez com que muitos se lançassem. O centro precisa se unir.
O MDB não se aliará? 
Vai lançar candidato próprio, [o presidente Michel] Temer quer alguém para defender o seu legado, e ninguém quer fazer aliança para carregar legado. Defender reforma é uma coisa, mas legado é outra. A campanha do Meirelles é para valer. A grande questão que não está dada, o nosso maior adversário ainda não apareceu, o PT. Lula vai ungir alguém.
Depois de tudo, o maior adversário do PSDB é o PT?
Qualquer pessoa que o Lula ungir vai ter 15 ou 16 pontos. Ainda acho que o segundo turno vai ser o clássico PT e PSDB.
Bolsonaro é um voo de galinha? 
Eu acho que Bolsonaro é um voo de galinha. Hoje ninguém está preocupado com eleição a não ser político e jornalista. Quando chega agosto, cai a ficha. Aventureiros não ficarão em pé.
Então por que Alckmin acena para seu eleitorado como ao sugerir liberar arma no campo? 
Não foi um aceno. Estamos estudando. Existe um projeto no Congresso que flexibiliza o porte de arma dentro da propriedade, pontual.
Pesa contra Alckmin a marca da Lava Jato.
Primeira coisa que eu acho é separar Geraldo dos escândalos do partido.
Como separar Alckmin do PSDB, se é o presidente do partido, sempre foi aliado do Aécio, Serra, Azeredo?
Tem enorme diferença. Se tem uma pessoa com total lisura é o Geraldo. Que tem problemas no partido tem, a gente tem de ser rigoroso. A maior punição para uma pessoa na vida política é não ser eleito. Aécio quase foi eleito presidente do Brasil, hoje no máximo vai tentar conseguir vaga para ser deputado federal. Tem coisa pior? É horrível.
A acusação contra o cunhado diz respeito diretamente a Alckmin.
O que tem de comprovado em relação ao cunhado é zero e principalmente de ganho pessoal para o Geraldo. E não vai ter porque não aconteceu. O grande desserviço que Janot prestou ao Brasil foi jogar todo mundo no mesmo liquidificador e agora todo mundo é corrupto. A demonização da política é um desastre para o país.
No caso do cunhado, ninguém fala em enriquecimento, mas em caixa dois, que é grave também.
Se houve acusação de caixa dois, vai ser discutida na Justiça Eleitoral. Às vezes a gente toma como verdade o que os canalhas falam mais do que o que a gente fala. Pô, corrupto de empreiteira fala que tinha tabelinha em que deu 100 para o candidato. Deu 10 e botou 90 no bolso. Então, a planilha de um escroque é mais importante que a história de uma pessoa? Tem que ter bom senso.
A citação foi feita por duas grandes empresas.
A relação da CCR com o governo Alckmin é conflituosa do começo ao fim. Não é estranho que a empresa que tem o maior conflito é a que dá verba?
A CCR está mentindo?
Questiono a plausibilidade da história. Paulo Preto [Paulo Vieira de Souza, tido como operador do PSDB], quem começou a investigação [na Dersa] foi o governo Alckmin. A Odebrecht dá um monte de dinheiro para o PT, faz sítio, faz casa, é outra coisa.
Não fica difícil tentar dizer que o PSDB é fundamentalmente diferente do PT? 
É muito diferente. No sentido que um criou o maior sistema de roubo e corrupção para um projeto de perpetuação no poder. Caixa dois é outra história. Sempre teve e a gente como sociedade tem que reconhecer a nossa hipocrisia. Vocês cobrem eleição há tantos anos, todo mundo sabia.
A Lava Jato cometeu excessos? 
Sim. Houve açodamento, pressa, falta de rigor jurídico. Essa espetacularização da Justiça no sentido de perseguir pessoas é muito ruim. Ninguém mais acredita na Justiça, pô. É muito sério você algemar alguém, enfiar no camburão e depois dispensar porque não deu em nada. Como você explica para os amigos do seu filho na escola? Na sua sociedade? No seu mundo empresarial? Não é assim, pô.
João Doria se gaba de não ser citado na Lava Jato.
Todo mundo que se diz limpo na Lava Jato é porque entrou na política recentemente. Porque caixa dois tinha em todas as eleições. Doria [substituir Alckmin na eleição nacional] é pura especulação. Doria tem que vencer em São Paulo. A vitória do PSDB é fundamental para a gente garantir os 10, 11 milhões de votos de que o Geraldo precisa. A gente precisa ser pragmático, precisa ganhar no Centro-Oeste, Minas e São Paulo. Com isso e mais o que ganharmos no Sul, estamos no segundo turno.
Como resolver o problema do Álvaro Dias?
Quando o centro se consolidar, a tendência dele é começar a derreter.
Com informações do Jornal Folha de São Paulo

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