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Conheça a chapada do Araripe



A Chapada é uma grande muralha que divide os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. Em seu entorno há inúmeras fontes de água, graças às rochas que a formam, e que têm uma função similar a de uma esponja.

Com água farta, está sempre verde, mesmo em tempos de seca persistente. Com um bioma predominante de caatinga, e áreas de cerradão e mata atlântica, possui como símbolo uma espécie endêmica de pássaro (só encontrada por lá), o pequeno Soldadinho do Araripe, com sua crista vermelha que parece um quepe.

Tamanha diversidade atraiu, há milhares de anos, homens pré-históricos que encontraram um oásis em meio a o sertão. Há poucos séculos, os índios da etnia Kariri que ali viviam começaram a ser aldeados por jesuítas, ou simplesmente assassinados pelos homens que chegaram para colonizar a região que fez parte da chamada “civilização do couro”: trazendo o gado, se depararam com terra fértil para plantar, e por lá ficaram.

As Chapadas

O Brasil possui cinco territórios oficialmente denominados Chapada: a dos Veadeiros (Goiás), das Mesas (Maranhão), Diamantina (Bahia), dos Guimarães (Mato Grosso) e do Araripe (Ceará, Pernambuco e Piauí).
Simplificando, Chapada nada mais é do que uma formação geológica com uma planice no alto. Mas, claro, estas regiões vão muito além disso: são referência em ecossistemas, beleza natural e cultura popular.

A do Araripe se diferencia das outras quatro por estar em uma região semi-árida, e a presença de água em seu entorno faz com que ela ganhe status de oásis. Nela foi criada a primeira floresta nacional do Brasil, em 1946. A Floresta Nacional do Araripe-Apodi, FLONA para os íntimos, possui  39.262,326 hectares e abrange parte das cidades de Barbalha, Crato, Jardim e Santana do Cariri,

Mas não espere grandes cachoeiras, rios extensos e cavernas com água cristalina. A riqueza no Araripe é outra: e tão grande, que a Unesco escolheu o Cariri cearense (região onde está a maior parte da formação rochosa) para sediar o Geopark Araripe, primeiro das Américas.



Religiosidade e cultura popular


O caldeirão de culturas resultante da busca por água fez com que o Cariri se tornasse um lugar rico em tradição popular, histórias e lendas. E foi em um território mágico e esquecido que nasceu no Crato, em 1844, Cícero Romão Batista, padre que após um sonho mudou-se para o pequeno povoado de Juazeiro. Ali fundou, sem planejamento, a mais próspera cidade da região, oficialmente separada do Crato em 1911. Juazeiro do Norte tornou-se centro de peregrinação religiosa após um acontecimento extraordinário quando, em 1889, uma das beatas de Cícero teria transformado sua hóstia em sangue. O que se seguiu foi uma perseguição implacável, até sua expulsão da Igreja. Mas já era tarde e Cícero se tornou o verdadeiro santo brasileiro, já que não precisou de canonização ou sequer de aval do Papa para ter, em torno de si, a aura da santidade.


Local de nascimento de Luiz Gonzaga

Enquanto Padre Cícero tentava provar sua inocência, vinha ao mundo no lado pernambucano da Chapada, em 1911, um menino que mudaria a visão que os brasileiros têm do nordeste: Luiz Gonzaga. Nascido na Fazenda Araripe, em Exu, cantou as belezas de seu pé de serra e levou para o resto do País os ritmos que ouvia desde menino, na sanfona de Januário, seu pai: xote e baião, que formaram a identidade do forró.


Passado geológico e paleontológico

O que o menino Gonzaga não sabia, quando fugiu de casa aos 17 anos, é que boa parte do tesouro da Chapada do Araripe está embaixo de seu solo e data do tempo em que o sertão já foi mar: os fósseis de dinossauros, pteroussauros, peixes, insetos e flores, considerados dos mais preservados do mundo. Graças à uma junção de fatores, ainda não totalmente explicados, as condições do solo – salgado pelo resto de mar que o cobria, sem oxigênio – fizeram com que até o tecido mole de algumas espécies, como do dino Santana Raptor, passassem os milênios em tão boas condições que hoje puderam ter seu DNA mapeado.

Museu de Paleontologia - Santana do Cariri - Chapada do Araripe - Ceará (11)

Mas talvez a descoberta mais poética de todas seja a da primeira flor do planeta. Sim, ela nasceu na Chapada do Araripe! A comprovação, segundo os cientistas, é simples: até hoje não foi encontrado, em nenhuma outra região, um fóssil de flor em uma camada inferior a do Ceará.


Diante de tanta variedade, visitar a Chapada do Araripe por meio do Geopark Araripe, é entender que o homem não representa um tracinho na escala geológica do solo. Entre dinossauros, lendas Kariri e a força de um povo que não desiste nunca, dificilmente alguém volta o mesmo depois de uma passagem por este território.

Fonte: Viaje na chapada

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