não mexer

header ads

Agricultor cria modelo de reutilização da água na roça

Para o agricultor, a água é a maior riqueza natural. Onde é escassa a maior parte do ano, se torna ainda mais preciosa. Não desperdiçar é regra, não somente para a sobrevivência humana, mas também para a produção no campo.
Seguindo esse raciocínio, o pequeno produtor rural Deusimar Cândido de Oliveira, 52, encontrou uma alternativa interessante para o reúso da água, que antes de chegar à irrigação das plantações, está sendo utilizada para a criação de peixes. Ele denomina a invenção como "De volta para o meu sertão". Quando as últimas nuvens carregadas foram desaparecendo no horizonte, no fechamento da quadra chuvosa deste ano, a única salvação para irrigação da plantação de mamão de Deusimar ficou no poço profundo perfurado no sítio.
Os pequenos açudes da localidade não acumularam água. Com vazão de 6 mil litros por hora, o poço passou a ser a única fonte de alimentação dos dois mil mamoeiros. Mas, quanto mais escassa a riqueza, mais valiosa se torna, encontrou essa maneira de multiplicá-la.
Usos múltiplos
Agora, a água não vai direto para o campo. Antes, é utilizada na criação de tilápia, uma espécie de peixe de água doce muito apreciada à mesa do nordestino. No processo, com a ração e as fezes dos cardumes confinados, fica rica em nutrientes para os vegetais. Além da multiplicação produtiva, na água e no solo, ele economiza na aquisição de adubos e até de defensores químicos para a plantação. Completando a cadeia de produção. Noutros dois tanques ele produz biofertilizantes.
O sistema consiste na construção de três tanques em forma de cilindro com capacidade par 36 mil litros cada; em equipamentos de oxigenação da água, inclusive com uma turbina, tudo funcionando com corrente de 12 volts, e chaves de distribuição para a tubulação de 50 milímetros até a área de plantio.
Quanto ao bombeamento da água, para reduzir os custos na produção, é alimentado por meio da captação de energia solar. Os painéis fotovoltaicos foram fornecidos pela Empresa de Assitência Técnica e Extensão Rural (Ematerce), para o projeto piloto, acrescentou o inventor.
Na área dos tanques de criação dos peixes ainda foram instalados refletores e câmeras de vigilância. "É que pegar peixe aqui agora é muito fácil. Basta jogar o anzol, a tarrafa ou até mesmo com uma pequena porção de ração, aguardar um pouquinho e pegar com a mão.
São mais de 50 mil peixes, 45 por metro cúbico. Em matéria de produção, já estamos sendo 10% mais eficientes que os japoneses na criação de peixes em cativeiro", comemora, ressaltando o investimento de R$ 10 mil e fazendo os cálculos para a "colheita na água". Dentro de pouco mais de quatro meses o faturamento será de R$ 25 mil, pagando os custos de instalação e ainda gerando lucro.
O modelo foi criado e implantado por Deusimar há pouco mais de três meses, em 1,5 hectares da sua propriedade, no Vale do Forquilha, uma região rural situada a pouco mais de 30Km do Centro de Quixeramobim, no Sertão Central.
Entretanto, apesar do pouco tempo, já está chamando atenção de outros pequenos produtores e até do presidente da Ematerce, Antônio Rodrigues de Amorim. Ele elogia a iniciativa e a coragem do pequeno produtor, que em breve deverá se multiplicar por todo o Estado. Será mais um avanço no convívio e, principalmente, no empreendedorismo rural.
Quem também ficou entusiasmado com a ideia foi o diretor regional da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece), Militão de Almeida.
Com mais de 20 mil associados, vocacionados à agricultura familiar, também sujeitos à escassez de água a maior parte do ano, essa agregação produtiva com certeza será utilizada por muitos. "É a melhor invenção para quem vive no campo após o surgimento das cisternas e das mandalas", destacou.
Reconhecimento
"A criatividade de Deusimar vai incrementar ainda mais a cadeia produtiva rural. É uma ideia digna de elogios", Antônio Rodrigues de Amorim. Presidente da Ematerce

"A iniciativa de Deusimar vai mudar a forma de se conviver com a seca. Com essa criatividade, o sertanejo se fortalece", Militão de Almeida. Diretor da Fetraece no Sertão Central.
(Informações do Diário Regional)

Postar um comentário

0 Comentários