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Arboviroses - casos notificados em 96,7% do Estado, atingindo 178 dos 184 municípios cearenses



O Ceará vive a maior epidemia de arboviroses - doenças transmitidas por picadas de mosquitos- registrada nos últimos 30 anos. De acordo com o Boletim Epidemiológico da Semana 30, da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), o Estado teve uma incidência acumulada de casos notificados em 2017 jamais vista antes. Já são 2.040 casos por 100 mil habitantes, distribuídos em 99% (182) dos 184 municípios do Estado.

Neste panorama, destaca-se o aumento de casos de chikungunya, comparado aos casos de dengue e zika, com a notificação de 96,7% do Estado, ou seja, 178 dos 184 municípios tiveram casos registrados. Só neste ano, já são 111.834 notificações de casos suspeitos da arbovirose, com 60 mortes confirmadas. Somando-as com os óbitos ocasionados pela dengue, o Ceará já registra 70 mortes por arboviroses. O Ceará lidera também o ranking nacional de notificações de chikungunya entre estados; Fortaleza, entre as capitais. Ambos representam mais da metade dos registros nacionalmente.

Apesar das ações do poder público como campanhas educativas e continuidade das ações de vigilância, para a prevenção e controle das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, o atual cenário é grave e tende a piorar, caso não tenhamos a formação de uma força-tarefa integrada pela sociedade civil e pelas instituições públicas.

A aposentada Maria José Sales, 66 anos, faz parte dessas estatísticas de casos de arbovirose no Ceará. Ela destaca que já contraiu dengue, zika e por último, chikungunya. "No começo senti muito enjoo e dores nas articulações. Fiquei preocupada porque vi um alto índice de mortes por conta da doença. Tenho tentado tomar todos os cuidados para evitar o mosquito na minha residência", afirma a aposentada, moradora do bairro Jardim Iracema, em Fortaleza.

Neste ano, o Ministério da Saúde já realizou três visitas técnicas ao Ceará para supervisão, avaliação e apoio ao Estado e municípios, no que se refere às ações vigilância e controle do Aedes aegypti, além de ajudar na investigação de casos atípicos de chikungunya. Para fortalecer o enfrentamento no Estado, o Ministério da Saúde enviou, neste ano, 16,8 mil cargas de Alfacipermetrina, 66 mil litros de Malathion e 8,5 mil quilos de Pyriproxyfen (inseticidas utilizados no combate ao mosquito).

Além disso, foram doados 33 equipamentos motorizados para controle de surtos e epidemias (fumacê). Para este ano, está previsto o montante de R$ 7,5 milhões referentes ao Piso Variável de Vigilância em Saúde (PVVS), destinados, exclusivamente, às ações contingenciais de prevenção e controle do vetor Aedes aegypti. Desse total, R$ 3 milhões já foram enviados.

Epidemia

O secretário da Saúde do Ceará, Henrique Javi, admite o cenário de epidemia e afirma que o governo está atento aos números de casos de arboviroses. "As mortes divulgados pelo boletim da Sesa não querem dizer exatamente que aconteceram naquela semana. Dependendo do caso, pedimos mais exames fora do ceara, cujo resultado pode chegar até 120 dias depois. Porém, é fato que vivemos num período epidêmico. O volume de casos é preocupante e a batalha pelo controle não é simples".

Henrique Javi acredita que, no segundo semestre, os números de ocorrências serão reduzidos por conta da diminuição das chuvas, período favorável para a eclosão dos ovos do Aedes. "Mesmo com uma possível diminuição, não podemos deixar de executar estratégias para o controle dessas endemias. Os municípios devem estimular ações efetivas para reduzir esses números. Para isso, estamos com uma campanha que irá premiar os municípios que conseguirem os melhores índices de diminuição de casos, entre outros critérios. Serão R$ 10 milhões advindos do Tesouro estadual que será repartido igualitariamente aos municípios com os melhores índices".

O médico infectologista Anastácio Queiroz aponta que a conscientização da população é essencial no combate à reprodução do mosquito Aedes aegypti. "Não adianta o governo realizar inúmeras ações sem que as pessoas cuidem da água parada em suas casas. Mais de 80% dos focos do mosquito são encontrado em residências", finaliza.

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