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Conheça a história da ex-desnutrida que chocou o país há 25 anos que ainda vive na miséria

A figura esquálida de Rosimere Amorim da Costa, a Meirinha, então com 10 anos, chocou o Brasil em 1991 em reportagem da TV Jangadeiro, àquela época afiliada da Band, em Fortaleza. Levada pela emissora ao Iprede, uma ONG, Meirinha se curou da desnutrição, mas hoje ainda vive na miséria no Ceará. Mãe de cinco filhos, divide uma casa de um cômodo com o marido e três das crianças, de 4, 7 e 8 anos.

Eu penso em duas coisas quando vejo a imagem de quando estava doente. Primeiro é que isso pode ajudar outras crianças a serem tratadas e terem ajuda, como tive na época. As pessoas veem o que aconteceu comigo e podem ir atrás de ajuda. A segunda é que a imagem é usada, eu apareço, mas hoje não recebo ajuda. Não tenho raiva. Só que muitas pessoas veem o vídeo, vêm aqui, dizem que vão ajudar e depois vão embora. Precisamos de muita coisa aqui, de comida, mas o que queria mesmo era um cantinho meu.

Vivo eu, meu marido José Roberto, o Zezinho, e três dos meus cinco filhos em um cômodo [os mais velhos, Anderson, 15, e Janderson, 12, vivem com os pais de Meirinha]. Eu e os dois menores [Rebeca, 7, e Roberto, 4] dormimos em um colchão, no chão. O meu marido e a menina mais velha [Roberta, 8] dormem em redes. Zezinho é pescador, vai para o mar, fica 15 dias fora, mas tem que ir de favor, ou pagando, porque não tem barco. Quando volta, tem que vender os peixes. Por mês não ganha nem perto de um salário mínimo.

Estudei só até a primeira série. Não sei ler nem escrever. Minha filha mais velha quem me ensinou a escrever meu nome apenas, Rosimere Amorim da Costa. Mas eu gosto mesmo é de ser chamada de Meirinha. Queria poder ter uma barraquinha na avenida, vender verduras, até peixe. Tenho medo de dormir sozinha com meus filhos aqui em casa. Já fomos assaltados, uma vez levaram todos os peixes guardados aqui e que dariam para nos alimentar no mês, vendendo ou não. Outra vez, pegou fogo aqui atrás, mas ninguém se machucou.

Mas não tenho medo de andar pela comunidade. Vou a pé para a casa dos meus pais, que leva 20 minutos andando. Eles reciclam lixo. Queria ganhar algum dinheiro para ajudá-los também a levantar a casa. Lá é chão batido. Não recebo ajuda do governo, Bolsa Família, nada. Meus filhos estão na escola, estudam à tarde, todos, mas nunca fomos atrás de nada nem vieram atrás de mim. Não temos essa ajuda. Como falei, muitos prometem, mas não cumprem. Não é fácil, mas vamos vivendo. Fonte: Jornal Folha. 

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